Desde 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito à moradia como um pressuposto essencial para dignidade humana. Mas em um país onde grande parte da população vive em extrema pobreza, como garantir um bem de custo tão elevado para toda a população?
O Déficit habitacional
Para entender o porquê há tantas famílias sem moradia ou em moradias indignas é necessário falar sobre a origem do problema: o déficit habitacional.
Segundo estudos de 2019, esse número é de 5,8 milhões de moradias faltantes. Isso acontece pois no passado fenômenos como o êxodo rural e a urbanização não planejada fizeram com que as cidades brasileiras ficassem superlotadas porém sem a infraestrutura necessária. Assim, muitos trabalhadores tiveram que optar por viver em favelas, cortiços, ocupações ou até mesmo nas ruas.
Especulação Imobiliária
Além da falta de moradias, outro problema permeia a questão habitacional no Brasil: a especulação imobiliária.
A existência de terrenos ociosos em regiões com boa localização e infraestrutura apenas à espera de valorização faz com que as cidades tenham que se expandir perifericamente e desordenadamente para novos bairros sem a infraestrutura necessária para prover dignidade aos novos moradores.
Moradias inacessíveis
Entre os anos de 2005 e 2014, a valorização imobiliária cresceu quase 200%, porém, nesse mesmo período o salário mínimo no Brasil cresceu apenas 141%. Esses dados mostram que o poder de compra de imóveis dos brasileiros está cada ano menor, e isso leva a cada vez mais um aumento das favelas, das moradias precárias e das pessoas em situação de rua.
Mas qual é o caminho?
Para Bruno Bordon, ativista da causa habitacional, a questão é muito complicada e complexa de ser resolvida.
“ Para ter acesso a uma moradia digna hoje é um valor muito caro. Pensar que a grande população do Brasil vive em classe E e D com teto de dois mil reais, como é que uma pessoa vai conseguir comprar material, contratar mão de obra e etc.”
Mas mesmo com tantos obstáculos, Bruno encontrou uma forma de agir. Ele fundou a Construide, uma ONG que através de mutirões de voluntários constrói moradias para famílias em situação de vulnerabilidade. Ele acredita que a solução desse problema só virá com a mobilização das pessoas e com o aumento das políticas públicas para resolução do problema.
“Em janeiro de 2017 fiz uma viagem para o sertão do Piauí (...) Lá eu conheci uma casa que tinha uma condição de extrema miséria. A família vivia com 600 reais por mês, 10 pessoas, eram oito filhos que dormiam ali em dois colchões de casal no chão. Como tinham muitos bebês, eles faziam cocô e xixi no chão. Era uma realidade muito triste. Não tinha banheiro, não tinha cozinha, não tinha energia elétrica, não tinha nada. E foi naquele lugar que eu decidi dar um passo de fé (...) e eu entendi que eu tinha nascido para a Construide. “
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